domingo, 5 de julho de 2009

Apenas um conto

Just for fun...
Lual de 1 pessoa só

Estava sentado na rede ouvindo música em seu celular quando pediram-lhe que fosse ao mercadinho comprar molho de tomate. 'O quê?' perguntou ele enquanto retirava o fone de ouvido. O pedido foi repetido e então ele deixou seu celular e foi a pé até o mercadinho. Havia escurecido a pouco tempo e a ausência do sol deu espaço para o frio, era inverno.
Notou que não havia núvens no céu, era quase noite de lua cheia. Retornou a sua casa de praia, deixou o molho de tomate em cima da mesa e avisou que iria ver o luar. Assim o fez.
Era uma cidade litorânea minúscula, era fora de temporada. A rua pobremente iluminada artificalmente por postes dispersos guiava até o mar, escondido por um barranco de areia. O último poste de luz se encontrava antes do barranco, deixando-o agonizantemente escuro.
Ele continuou seu caminho em direção ao mar. Havia passado pelo último poste e a cada passo que ele dava enxergava menos, até penetrar na escuridão total. Longe do alcance da lâmpada do último poste ofuscando sua vista, ele pode finalmente ver realmente a luz da lua sobre seu arredor.
Havia um banco no topo do barranco, mas ele prosseguiu. A alguns passos de distância do mar, ele sentou-se sobre a areia úmida. A brisa gelada fez com que ele vestisse seu capuz e se encolhesse, abraçando suas pernas. Não havia uma pessoa em toda a praia além dele. Olhou para cima e viu toda a beleza prateada da lua. O luar era tão intenso que as estrelas ao redor desapareceram. Ele sorriu para a lua, seus dentes expostos reuziram o luar, mas não havia alguém lá para ver.
Lembrou-se do dia em que estava em um barzinho com amigos e chegou um hippie falando sobre a misticidade da lua. Tentou lembrar as palavras do hippie, mas não conseguiu.
Abaixo da lua estava o mar tentando imitá-la. A luz refetida dançava aos movimentos das ondas. Céu e mar fundiam-se na escuridão do horizonte, era impossível distinguir onde começava um e terminava o outro.
Diversas vezes olhou para trás ao escutar barulhos, mas havia ninguém. Seus ouvidos acostumados ao barulho constante da cidade deviam estar criando sons que não existiam naquele momento de silêncio quase extremo. Apenas as ondas se atreviam a falar.
Não se sabe quanto tempo ficou assim, parado, observando. Se estivesse na cidade, estaria entediado, mas não estava. A contemplação tomou conta de todo o seu pensamento. Estava só, mas estava completo.
O grito de gaivotas o trouxe novamente a realidade. Levantou-se e estendeu sua mão ao céu. As pontas de seus dedos brilharam, todo o resto de seu braço se tornou mais escuro que o céu, via-se apenas o contorno. Fechou sua mão tapando, assim, a lua. Soltou-a logo em seguida.

Novamente ele sorriu, novamente ninguém viu seu sorriso contendo a lua em cada um de seus dentes. Virou-se e voltou para sua casa sem ohar para trás. Não queria ter que se despedir da lua mais uma vez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário